Grupos Sanguíneos em Genética

 SISTEMA ABO

O sistema ABO classifica grupos sanguíneos em tipos A, B, AB e O. Esse sistema foi descrito em 1900 por Karl Landsteiner, que, inicialmente, descreveu os grupos A, B e O. O fenótipo AB foi descrito apenas alguns anos depois, por Alfred Von Decastello.

Genética do Sistema ABO

Os grupos sanguíneos ABO são determinados por três alelos diferentes de um único gene: IA, IB e i. Esses três alelos são os responsáveis por garantir na espécie humana a presença de quatro fenótipos: sangue A, sangue B, sangue AB e sangue O.

Esses quatro grupos são caracterizados pela presença ou ausência de aglutinogênios em suas hemácias e de aglutininas no plasma sanguíneo (leia mais a seguir). O alelo IA é responsável por garantir que o sangue tenha aglutinogênio A, enquanto o alelo IB é responsável pelo aglutinogênio B. O alelo i não é responsável pela produção de aglutinogênio.

O sistema ABO é um exemplo clássico de alelos múltiplos (ou polialelia) e de codominância. É um caso de alelos múltiplos, pois apresenta três alelos diferentes de um único gene (IA, IB e i). A codominância, por sua vez, acontece, pois entre os alelos IA e IB não existe relação de dominância.

Por isso temos indivíduos IAIB com fenótipo AB, ou seja, com a produção dos dois tipos de aglutinogênio, A e B. Vale destacar que, apesar de haver codominância entre IA e IB, existe dominância em relação ao alelo i.

Desse modo temos que IA e IB exercem dominância sobre i, porém entre os alelos IA e IB há codominância. Com isso temos que os genótipos dos tipos sanguíneo são:

Aglutinogênios e aglutininas no sistema ABO

No sistema ABO observa-se quatro tipos de sangue distintos: A, B, AB e O. Eles se caracterizam pela presença ou ausência de aglutinogênios e de aglutininas no plasma. Os aglutinogênios são substâncias encontradas na membrana plasmática das hemácias, enquanto as aglutininas são anticorpos presentes no plasma sanguíneo que atuam contra determinados aglutinogênios.

Existem dois tipos de aglutinogênios, o A e o B. O aglutinogênio A está presente no sangue A, enquanto o B está no sangue tipo B. As pessoas com sangue AB possuem ambos aglutinogênios: A e B. Já as pessoas de sangue tipo O não possuem aglutinogênios em suas hemácias.


Na figura podemos observar os aglutinogênios e as aglutininas presentes nos diferentes tipos sanguíneos.


Assim como os aglutinogênios, existem dois tipos de aglutinina: anti-A e anti-B. A pessoa com sangue tipo A possui aglutinina anti-B, enquanto a pessoa com tipo sanguíneo B possui aglutinina anti-A. A pessoa que apresenta sangue do tipo AB não possui aglutinina em seu plasma, diferentemente das pessoas que possuem sangue tipo O, que se caracteriza pela presença das aglutininas anti-A e anti-B.

Quem doa para quem

Considerando-se apenas o sistema ABO, podemos fazer algumas afirmações importantes em relação à transfusão de sangue:
  • Indivíduos de sangue tipo O podem doar para qualquer pessoa, pois não possuem aglutinogênios nas hemácias. Devido a esse motivo, são conhecidos como doadores universais. Esses indivíduos, no entanto, só podem receber sangue tipo O, pois apresentam aglutinina anti-A e anti-B.
  • Indivíduos com sangue AB podem receber sangue de qualquer tipo, pois não apresentam aglutininas em seu plasma. Devido a esse motivo, são chamados de receptores universais. Esses indivíduos, no entanto, podem apenas doar para indivíduos com sangue AB, pois possuem aglutinogênios A e B em suas hemácias.
  • Os indivíduos do sangue A não podem doar sangue para indivíduos do sangue B, pois as hemácias seriam atacadas pelas aglutininas anti-A. Eles podem doar para pessoas com sangue A e pessoas com sangue AB. Pessoas com sangue A podem receber doação de pessoas com sangue A ou sangue O.
  • Indivíduos do sangue B não podem doar para os de sangue A, pois suas hemácias seriam atacadas pelas aglutininas anti-B. Eles podem doar, portanto, para pessoas com sangue B e pessoas com sangue AB. Pessoas com sangue B podem receber doação de pessoas com o mesmo sangue ou sangue O.

Tabela do Sistema ABO


RH + OU - 

A compatibilidade sanguínea depende de outra tipagem: o fator Rh. Uma pessoa (tenha ela sangue tipo A, B, AB ou O) pode ser Rh positivo (Rh+) ou Rh negativo (Rh-). Isso depende da existência, ou não, de outro antígeno (chamado antígeno D ou fator Rh) na superfície das hemácias. Nenhum organismo, seja ele Rh+, seja Rh-, nasce com anticorpos contra o fator Rh no plasma. Mas indivíduos Rh- (ou seja, que não têm o antígeno D nas hemácias) são capazes de produzir esses anticorpos (denominados anti-Rh) se entrarem em contato com sangue Rh+, criando uma barreira imunológica e a incompatibilidade sanguínea. Como a produção dos anticorpos demora um pouco, não ocorrem problemas imediatos na transfusão, mas a longo prazo. Um desses problemas é a eritroblastose fetal, ou doença hemolítica do recém-nascido (DHRN). Eritroblastose é uma enfermidade que provoca o rompimento da membrana das hemácias e libera a hemoglobina no plasma. Com a destruição das hemácias, o indivíduo corre o risco de ficar anêmico, ou ter alterado o tamanho de alguns órgãos. Em crianças, a doença é desenvolvida ainda na gestação ou no período perinatal (de recém-nascido), mas apenas quando a mãe é Rh- e o bebê, Rh+. Nesse caso, o sangue materno desenvolve o anticorpo anti-Rh, que destruirá as hemácias do flho. Na primeira gravidez, o organismo da mãe desenvolve a imunidade, e o feto não é atingido pelos anticorpos. Mas, na segunda, se a criança tiver novamente Rh+, os anticorpos da mãe podem atacar as hemácias do feto. A doença pode ser combatida com uma transfusão de sangue Rh- no feto.

O que define o tipo e o fator RH

Na espécie humana, a definição do tipo sanguíneo envolve três genes alelos. É uma herança do tipo polialelia ou de alelos múltiplos. Na população ocorrem três ou mais alelos, mas cada indivíduo apresenta uma combinação de apenas dois deles. 

Dos três alelos que podem determinar o tipo sanguíneo, dois são codominantes: o alelo I A , que determina a produção do aglutinogênio A, e o I B , que determina a produção do aglutinogênio B. Há também um alelo recessivo, i, que não determina a produção de nenhum aglutinogênio

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A herança do fator Rh é simples, só um caso de dominância completa, como a reprodução de ervilhas de Mendel. Se uma pessoa terá Rh positivo ou negativo, isso é determinado por um gene dominante, geralmente chamado de R ou D, que define a produção do antígeno fator Rh, e seu alelo recessivo, r ou d, que não faz nada. Os exames para conhecer o tipo sanguíneo de uma pessoa são feitos aplicando-se um soro que contém os anticorpos anti-A, anti-B e anti-Rh em três gotas separadas de sangue. Esses anticorpos detectam respectivamente os aglutinogênios A, B e fator Rh, produzindo uma reação de aglutinação das hemácias, ou seja, de coagulação.

Podemos reapresentar a tabela completa de tipos sanguíneos, associando fenótipos (tipo de sangue) ao genótipo correspondente (conjunto de genes que podem gerar tais características).


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